Wing
Chun, algumas possibilidades:
O sistema de Kung Fu criado por volta de 1700
(séculos XVII ou XVIII), em plena dinastia Qing (manchus) mais tarde batizado
como ‘Eterna Primavera’, que segundo algumas fontes era o nome do Mo Gun (sala
de estudo/prática de Kung Fu) no templo Siu Lam (Shaolin do Sul, China) e que
também teria sido o nome de uma sala de ensaios artísticos e, clandestinamente,
estudos do Kung Fu no teatro-ópera dos juncos vermelhos (ou um, ou outro - ou
os dois, segundo fontes), onde atores e atrizes da trupe praticavam o sistema
que, num primeiro momento, foi desenvolvido por monges do templo Siu Lam, que
eram mestres nos estilos Garça Branca e Serpente (Emei) – animais que se
tornaram símbolo do WT (sigla para Wing Chun), também de Chi Kung e Tai Chi
Chuan (artes internas), o que somou na composição do novo sistema que surgia.
Outro local de abrigo e estudo do Wing Tjun foram as chamadas ‘sociedades
secretas’, também espaços de resistência ao domínimo manchu, onde o novo
‘sistema marcial’ também foi concentrado. Antes da Rebelião Taiping, o Wing Chun
e/ou Weng Chun tinha fortes aspectos ‘internos’, e muitos mestres e estudantes
praticavam outras artes relacionadas, como as já citadas anteriormente, por exemplo.
Em algum momento da história isso começou a se perder, ou no mínimo, diminuir.
Quando o Wing Chun atinge sua ‘fama’, ou se torna mais popular, a partir do
cinema, de Bruce Lee e do mestre Ip Man, já pouco se vê nele seu fator
‘interno’, mas isso não significa que ele é inexistente.
Wing
Chun é o modo mais popular de se nominar (escrever) o sistema,
seguido de Ving Tsun, entre outros. O sistema é o mesmo, porém, com algumas
variações na sua forma escrita e até concebida, estudada e praticada, conforme
os modos dos vários mestres, escolas, linhagens, que aprenderam, adaptaram e
ensinaram o sistema aos seus alunos através dos anos. Nisso, temos também a
‘variação’ chamada Weng Chun, e/ou os Wing Chun Kuen e Weng Chun Kuen.
Estudiosos e mestres mundo afora, divergem quanto a estas ‘divisões’. Alguns
defendem que a arte, o estilo ou sistema de Kung Fu é o mesmo, só que ensinado
de formas diferentes, por isso das variações. Outros, que são sistemas
diferentes, mas semelhantes ou ‘irmãos’. O fato é que eles vieram e possuem a
mesma raiz (essência). Em algumas linhagens (como a Ip Man, por exemplo) é
corrente a ideia (lendária ou histórica?) de que foi uma monja (Ng Mui) quem
criou o sistema Wing Chun. Mas esta mesma ‘estória’ (ou história?) pertence
também a outros estilos de Kung Fu, o que leva a crer que é uma lenda, ou uma
história simbólica quanto à criação do WT.
Nossa
denominação:
Dentro de todas estas ‘possibilidades’, considerando
a história (ou as histórias), enquanto associação e jovem família Kung Fu,
possuímos nossa denominação do termo na sua forma escrita, além de nossa
‘crença’ em uma versão desta história complexa e por vezes controversa.
Adotamos escrever Wing Tjun, o que fundamenta e da significado ao ‘nosso modo’ de
conceber, estudar e praticar o sistema. Wing Tjun, em nosso fundamento, é a
integração entre os estilos Serpente (a
partir do ‘motor’ interno e de alguns movimentos externos e aplicações) e Garça Branca (Young Chun, Foshan),
animais-símbolo do WT, somado a prática de Chi
Kung, elementos das 18 Mãos de Lohan
e Tai Chi Chuan, além do Wing Chun e Weng Chun Kuen. Na filosofia
e em alguns conceitos a base é o taoismo
e o budismo (além de Confúcio, Sun
Tzu e outros). Este ‘painel’ de elementos e conhecimentos integrados é o que
chamamos de Wing Tjun. “Não é uma
mera ou simples ‘mistura’ entre todos estes elementos, mas é o reconhecimento e
estudo deles postos em prática, naquilo que consideramos os elementos históricos
e filosóficos (conceituais) formadores do sistema ou estilo”.
O modo escrito adotado por nós, é uma ‘escolha’ que
tem influência direta do sifu Sergio
Pascal Iadarola e sua associação, a IWKA (um dos grandes pesquisadores e mestres
contemporâneos), os mesmos que me possibilitaram estudar, pensar e conceber o
Kung Fu e o WT como artes integradas, tendo em vista seus fatores ‘internos’ e
‘externos’. Minha experiência, mesmo que breve (porém intensa) nos estilos
Serpente e Garça, e no Tai Chi, Chi Kung e Wing Chun, me fez, considerar e
relacionar todos estes elementos, o que acabou ampliando nosso leque de
possibilidades e foi fundamental para a criação da AFWK. ‘Tudo movido não por
uma pretensão, mas por uma necessidade’. A importância do sifu Sergio e IWKA
(também do sihing Daniel Jaeger – que fora sihing líder da IWKA no Brasil) foi
a de, além do quesito conceitual e técnico, possibilitar eu fazer os devidos links
(ligações) entre as artes citadas acima, e integrar estas práticas e estudos,
quando, antes da minha experiência com o sifu Sergio e sua escola, não
relacionava conscientemente estes conhecimentos. Tudo isso somado aos meus
conhecimentos e atividades como professor de filosofia, história, sociologia,
linguagens e na área da educação, fornecem as condições para que a AFWK exista
enquanto escola, família e associação.
Portanto, “denominamos Wing Tjun este todo”.
Porque Fluir
Wing Tjun Kung Fu?
Fluir:
passar, escorrer, deslizar, escoar, transcorrer. Estado de
'movimento natural' das coisas - (flexões: líquido; leve; suave).
A partir de uma coerência, de uma significância para
se chegar ao fundamento de se criar uma associação ou escola, foi que batizei o
grupo de estudantes/praticantes que instruía de Fluir Wing Tjun Kung Fu, criando assim a associação e sua sigla
(AFWK). A maioria dos ‘irmãos/estudantes’ permanece em atividade. Nisso, somos
mais que uma reunião de pessoas afinadas com os estudos, somos uma ‘família
Kung Fu’.
Fluir é nosso caminho. Voltar-se à natureza,
naturalizar as ações, os movimentos, a relação com o outro e com a vida.
Currículo
/ Programa AFWK:
Nisso, organizei nosso próprio currículo e/ou
programa, baseado em nossa realidade, e coerente com ela, conforme nossa
necessidade local e dentro dos limites do ‘meu’ conhecimento (como professor ou
sifu), integrando os conhecimentos práticos e filosóficos/conceituais já
citados acima.
Não somos filiados a um único mestre e sua linhagem
ou escola, não porque não queremos ou não achamos isso importante, mas porque a
realidade e necessidade nos fez existir enquanto associação ou escola,
independente de seguir uma única linhagem. Este fator nos trouxe algo positivo,
que é a oportunidade de estudar mais de uma linhagem e/ou escola (dentro dos
meus e nossos limites, é claro), tendo certa ‘abertura’ para desenvolver, além
de certa independência, estudos e pesquisas em outras linhagens e artes
relacionadas ao WT. Isso, de certo modo, me fez organizar (não inventar) o
próprio currículo e/ou programa, a partir da minha realidade e nossa
necessidade, enquanto grupo ou escola, de se estudar/praticar. Portanto, não
criei nada, apenas faço uso, como quase todas as escolas fazem, cada qual ao
seu modo e conforme sua necessidade. E eis que, mais que uma intenção ou
pretenção, somos ‘estudantes’. Mais que um professor, sou um estudante que não
visualiza um fim, mas sempre o caminho (leia-se conceito no taoismo).
Nisso, estamos caminhando, fluindo...
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