Os “Três Tesouros”
Milênios de
estudos, observações e experiências, fez com que estudiosos mestres taoístas
afirmassem que a vida humana depende o livre movimento e transformação de três
forças principais. No organismo humano, essas forças se manifestam como três
diferentes substâncias ou energias – os chamados “três tesouros”: Ching (essência sexual), Chi (energia ou força vital) e Shen (espírito). Recebemos essas
energias de várias fontes: nossos pais (hereditariedade), alimentos que
ingerimos e o ar que respiramos (são algumas das principais), e através do que
consumimos, pensamos e praticamos no dia-a-dia - assim como, da natureza, da
terra e do ar, do que nos cerca e envolve no mundo. Pontos nas solas dos pés,
na palma das mãos, no alto da cabeça, pela pele, entre outros centros de
energia, são portas de entrada dessas energias. Nisso, várias práticas taoístas
foram desenvolvidas para entrar em sintonia com essas energias, para melhor
absorvê-las, assimilá-las, concentrá-las e cultivá-las.
“Chi original” e Tan Tien: a alquimia interior
Uma das fontes
de energia mais essenciais é a energia que recebemos hereditariamente, pela
união sexual entre nossos pais, entre Yin e Yang: a essência sexual (Ching). O
Chi original armazena-se principalmente no Tan Tien inferior, situado no centro
de um triângulo cujos vértices são o umbigo, um ponto nas costas e o centro
sexual. Comumente se aponta para baixo do umbigo a localização do Tan Tien. O
Tan Tien inferior é a bateria mais importante do corpo, dando-lhe a energia
intrínseca necessária à combustão e transformação das energias que recebemos
dos alimentos, do ar, etc.
Chi Kung (artes internas): a prática humana da
energia vital
Absorver,
assimilar, concentrar, trabalhar, distribuir e cultivar a energia vital (Chi)
pelo corpo, além da respiração e meditação (no meu caso e da AFWK, taoístas),
se dá pela prática das ‘artes internas’ (Tai Chi Chuan, I-Chuan, Pakua, Wing
Tjun interno, etc.), as quais tem o Chi Kung (cultivo ou trabalho com energia) como
essência. Um conhecimento, uma prática milenar taoísta que faz fluir e
equilibrar ‘mente, corpo, energia e espírito’. Como prática humana da energia
vital, o Chi Kung (assim como as artes internas em geral), é um meio, um
caminho para o bom cultivo da energia. Nisso, é fundamental certo domínio
conceitual dos ‘três tesouros’ citados acima e conhecimento ou consciência do
bom uso do Tan Tien. Respiração, concentração (atenção e conciência plenas),
relaxamento (derretimento) e movimento físico-corporal-energético, são quesitos
fundamentais na prática do Chi Kung. O Chi Kung, quando cotidianamente
(habitus) praticado, além da vitalidade e do crescimento interior, melhora
significativamente a prática do Kung Fu em seu sentido mais amplo e profundo.
(Herman Silvani,
professor na AFWK)
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