quarta-feira, 11 de julho de 2018

A meditação e os meninos da caverna...

17 e 18 dias presos dentro de uma caverna escura, úmida, com pouco ar, sem comida e água potável. Foi o que aconteceu com os 12 meninos de 11 à  16 anos de idade e seu professor/treinador de futebol, ‘ex-monge’ budista na Tailândia.

Através da meditação budista e/ou taoista (neste caso em específico, foi budista), os meninos tailandeses e seu treinador, Ekkapol, que viveu em torno de 10 anos num mosteiro budista e ensinou os meninos a meditarem, puderam sobreviver às condições precárias que se encontravam.

Mas como foi possível sobreviverem? Ocidentais que vivem euforicamente, sem técnicas ou práticas meditativas e/ou respiratórias, conseguiriam sobreviver ao mesmo drama?

Tanto na meditação (no nosso caso, taoista) como na prática das ‘artes internas’ (Chi Kung, Tai Chi e Wing Tjun interno), o cultivo ou trabalho de energia (chamada ‘energia interna’, ‘energia vital’, ‘energia cósmica’ ou ‘Chi’), através das práticas citadas acima (meditação e artes internas), aumenta a possibilidade da vida resistir.

Nestas práticas trabalhamos a concentração e fluxo de energia pelo corpo, o que fortalece e/ou equilibra a ‘mente, o corpo e o espírito’, que passam a ser concebidos como uma unidade. Nisso, a partir de técnicas de ‘respiração natural’ e ‘mergulho no vazio’ (que é a pratica da ‘calmaria’ - tanto que, uma das formas taoistas de meditação se chama ‘sentar na calma’), a energia é concentrada, controlada, equilibrada, e assim, permanece por mais tempo no corpo, junto a respiração que oxigena os órgãos internos e diminui a interferência de bactérias, fungos ou vírus no organismo, agindo na imunidade. Isso, faz com que a necessidade de alimento (ou da energia dos alimentos), por um tempo limitado, é claro, seja menor, assim como, se consiga respirar melhor, com mais leveza e por mais tempo, usando menos ar. Diminui-se, consideravelmente assim, a euforia, o estresse, as irritações e pensamentos rígidos. Neste sentido, a calma e o relaxamento interno e externo, são fundamentais para uma melhor vivência (ou sobrevivência). Para explicar bem isso, é preciso de mais tempo/espaço, por isso, estou tentando ser breve e direto (maiores informações sobre isso, encontramos em algumas publicações, como é o caso do livro ‘O Tao da Respiração Natural’, de Dennis Lewis).

É fato que, não fosse este conhecimento milenar, esta prática meditativa, técnica e sensível, seria mais difícil dos meninos terem sobrevivido naquelas condições (no mínimo, isso foi importante para o bem estar físico, energético, psicológico-mental). Isso demonstra, o quão, certas práticas de vida, como esta, são importantes para uma adaptação ou adequação humana (mental, corporal e espiritual-energética) ao meio, pois, trata-se aqui, principalmente disso, ou seja, da relação dos indivíduos com o meio natural e sociocultural (em que eles estavam inseridos naquela situação). Natureza aliada a cultura, ao conhecimento humano, desenvolvido, justamente, em certa harmonia com a natureza ou com as naturezas (interna e externa).

Por fim, o que tinha muito para ter um final triste, acabou bem para os meninos e seu ‘mestre’. Não teve o mesmo desfecho o caso do mergulhador Saman Kunan, que no trabalho digníssimo e humano de levar oxigênio (em tubo) e suprimento aos meninos, acabou, infelizmente, morrendo na ‘garganta da caverna’.

Que este caso nos faça refletir sobre nossas ‘escolhas’, sobre nossas condições existenciais, sobre nossas práticas cotidianas. De minha parte, como estudante/praticante e professor, agradeço, em nome dos meus alunos/as, irmãos/as Kung Fu da AFWK, aos antigos e contemporâneos mestres que desenvolveram estas ‘artes’, estes conhecimentos, estas práticas, buscadas na natureza e na própria vida.

 Obrigado mestres! Obrigado Saman Kunan - e boa transformação! 







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