Aos livres de
pensamento e estudantes, cuidado com aquela que se gaba ser ‘a maior comunidade
virtual (de rede social) de Kung Fu do Brasil’. Por trás deste discurso, existe
hipocrisia, vaidade, ego, arrogância, autoritarismo e preconceitos. Discursos que
tentam se camuflar em profissionalismo, conhecimento, sabedoria, razão, moral,
mas que no fundo são apenas uns discursos moralistas, como tantos. Mulheres praticantes
de Kung Fu já se retiraram desta comunidade por sofrerem discriminação de machistas
‘donos da verdade’ que lá se exibem. A história do movimento negro e da
capoeira também já foi discriminada naquele espaço, assim como, mais
recentemente, se permitiu apologia à ditadura militar. A moderação, claramente
é partidária (no sentido ideológico), mas diz que não. Censura muito daquilo
que não concorda e elege conteúdos conforme seus interesses ideológicos. Segmenta
e segrega, numa prática típica de regimes totalitários – então, não é a escolha
de conteúdo o problema, mas sim, a forma como isso se dá.
Os figurões que por lá
desfilam (alguns ditos mestres ou sifus – uns podem até ser, não questiono seus
quesitos técnicos, pois não é disso que se trata), alguns bem conhecidos pela ‘comunidade
marcial brasileira’, tem o Kung Fu como um mero negócio ou como forma de se
manterem em evidência, aproveitando-se de certo status ‘idealizado’
culturalmente aqui no Brasil. Um deles, por exemplo, que, se dizendo budista,
já se manifestou favorável a pena de morte, o mesmo que também já foi flagrado num
surto de desequilíbrio batendo em aluno (e lá se foi seu Kung Fu por água
abaixo). Outro se comporta como meritocrata segregador, um ‘empresário do ramo Kung
Fu’, usando de ensinamentos escritos e símbolos fundamentais desta arte, como
mero discurso para fisgar clientela. Figurões que, volta meia - e sempre os
mesmos - agem de forma truculenta, arrogante, medíocre, frente a conteúdos que
não conhecem ou que não concordam, mas tem passe livre para imporem seus
interesses e discursos elitistas, já que, alguns deles controlam a referida comunidade.
De minha parte (e que
sei, de tantos outros e outras), não dignificam este conhecimento milenar e
rico em possibilidades que é o Kung Fu. Ao contrário, com suas posturas e
atitudes, deturpam, detratam, distorcem, amesquinham, diminuem, desrespeitam
uma cultura e conhecimento amplo, dinâmico e profundo, o tornando um produto
que, pelos mais sensíveis e críticos, muitas vezes é motivo de piada. Eu e
muitos outros(as) que trabalham com sinceridade e vivem o Kung Fu nos seus
cotidianos (para além do quesito tecnicista e do discurso ou das aparências),
me sinto leve ao saber que não pertenço a este ‘grupo’ de ‘coronéis arcaicos’
que se postam como ‘donos do Kung Fu nacional’, mas que não dignificam esta
arte que amamos e nos esforçamos para manter viva, coerente e digna aqui no
Brasil. Infelizmente nosso fator cultural brasileiro (crença e modo de vida)
tende a ‘consumir’ aquilo que é mais aparente e fácil de assimilar
publicitariamente e ideologicamente falando, o que acaba dando força para estes
‘empresários-publicitários’ e ‘coronéis’ do Kung Fu no Brasil. Mas, felizmente,
existem muitos outros/as sifus, mestres e mestras no Brasil, assim como
praticantes que fazem jus a este conhecimento que, para nós, é uma necessidade,
não um status. E é com estes/as que me junto neste Caminho.
Nisso, agradeço a todos
os irmãos/ãs Kung Fu do Brasil que vivem esta magnífica arte, cultura e
conhecimento na sua essência (ou que pelo menos buscam isso), ultrapassando as
aparências e discursos ideológicos que a detratam. Seguimos juntos no trabalho
de dignificar nossa arte, fluindo, dialogando, estudando, produzindo, e sendo
assim resistência a dureza dos que não fluem, mas impõem.
“O
suave e o fraco vencem o rígido e o forte” (Lao Tse).
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