Wing
Chun é um sistema do que no ocidente ficou conhecido como Kung Fu
e/ou também ‘arte marcial’. Desenvolvido no Sul da China a mais
de 300 anos (final do século XVII, início do séc. XVIII), sua criação e constituição possuem mais de uma versão histórica
(além das lendas, simbologias e romantismos em torno do mesmo), assim como em sua forma
escrita, tem variações nos modos de se conceber e praticar os movimentos e
conceitos, fazendo deste sistema algo dinâmico e diversificado em seus modos de
ser e praticar. Wing Chun, Ving Tsun, Wing Tjun, entre outras, são formas de se
remeter a este 'estilo' ou 'sistema' de Kung Fu (consideremos aqui suas variações, por mais que alguns
afirmem que o sistema só tem uma forma de ser e praticar).
Convencionou-se
também dizer que W.T. (sigla de abreviação para Wing Tjun) é um sistema de ‘defesa
pessoal’ constituído a partir de práticas reais. Mas o W.T. não se resume a
isso. Na prática, busca por eficiência é uma das suas principais características,
o que o torna um sistema que vai além da ‘marcialidade’ (no sentido de ‘guerra’
mesmo), ou seja, neste sentido o W.T. é um sistema proativo (antecipatório). Basicamente,
é uma ‘arte marcial’ desenvolvida através do tempo para permitir que qualquer
tipo de pessoa, independentemente de tamanho, força ou sexo, possa se defender
de agressores maiores e mais fortes.
Suas origens são
controversas, mas pesquisas e o próprio conhecimento em Kung Fu, mostram que o ‘estilo’ veio de dois outros estilos mais antigos. São eles: o Emei, Snake (Serpente) e a White Crane (Garça Branca), animais/estilos, inclusive, que são símbolos do sistema.
O
simples que é complexo
O
sistema W.T. não é ‘tão simples’ como costumeiramente se diz. Podemos dizer que
foi ‘simplificado’ para sua mais rápida e prática assimilação, o que gerou
algumas ‘distorções’ quanto a forma mais ‘popular’ de concebê-lo. Tornou-se com
o passar das gerações, um sistema onde mestres incluíram novas técnicas, ao tempo que retiravam outras.
Enquanto na maioria das ramificações ou estilos de Kung Fu seus praticantes
levam muitos anos para tornarem-se instrutores ou professores, no Wing Tjun, se
o aluno for dedicado, mantendo uma rotina de estudos com foco, perseverança e 'incorporamento' do sistema, em 'pouco tempo' (relativo aos estilos mais 'clássicos' por assim dizer) pode
até tornar-se instrutor. Por isso se diz
que o W.T. é de, relativamente, fácil e rápida adaptação (comparado a outros ‘estilos’
de Kung Fu), permitindo até a inclusão de outras técnicas que venham ao seu
encontro e tenham afinidade com seu modo de ser.
Em
muitos estilos de artes marciais procura-se bloquear o ataque do agressor para
depois contra-atacar. No W.T. o princípio básico é o de utilizar a força (ou
energia) do oponente contra ele próprio, onde a defesa, muitas vezes, já funciona
como um ataque e vice-versa. Defender atacando (ou contra-atacando) e se
utilizando da energia (ou força) do oponente ao próprio favor, é o que
identifica e torna o Wing Tjun uma das artes marciais considerada por muitos,
das mais eficientes do mundo. Outro elemento que caracteriza esse estilo, é a concentração
e distribuição de energia, o que, se bem utilizado, favorece seu praticante,
sendo que este, passa a depender menos da força física-muscular, usando mais
o raciocínio ou a inteligência, a física mecânica propiciada pela ‘forma’ do
sistema e a ‘energia interna’ (a partir do conceito de ‘chi’ – ‘energia vital’)
que circunda e integra os seres, emana do cosmos, da natureza e é distribuída pelo próprio corpo. A prática do W.T. faz o praticantes pensar rápido, sendo intuitivo e focado naquilo que acontece no momento da ação, sem maiores desgastes, sejam eles
físicos, mentais ou emocionais. Conceitos como o de ‘derretimento interno’ e ‘relaxamento
externo’, são fundamentais nesta compreensão e feitura. Mas não são todas as escolas ou linhagens que se utilizam do fundamento e da chamada 'prática interna' (uso da energia 'chi') em seus modos de se estudar, conste.
O Wing
Chun ficou conhecido sob tudo no ocidente depois que apareceu no cenário
mundial do cinema e das artes marciais o ‘astro’ Bruce Lee (Lee Jun-fan), que
foi por um breve tempo aluno do mestre Yip Man, conhecido como um dos grandes mestres do W.T.
mundial e um dos responsáveis por tornar a prática do W.T. mais
‘simples’ e 'prática' (relativizemos isso), segundo a opinião de alguns pesquisadores. Bruce Lee, através de sua fama, foi parte responsável pela ‘popularização’ do W.T. e da chamada 'linhagem Yip Man'. Foi a partir do seu breve conhecimento de Wing Chun que Lee acabou criando o Jet Kune Do.
Atualmente
existe uma infinidade de praticantes, professores, modos, formas, mestres e
pesquisadores e suas escolas, linhagens ou famílias de Wing Chun/Tjun pelo
mundo, nos mostrando que não existe um só modo de se conceber e se praticar esta
arte.
Algumas características,
elementos, visões e/ou leituras do sistema Wing Tjun a partir de nossos estudos e concepções:
1.
desenvolvido basicamente para pessoas 'mais fracas' se defenderem de pessoas
'mais fortes', em algumas versões históricas ou teses, a partir do Emei e da
Garça Branca, é um sistema 'proativo', para além da marcialidade;
2. busca a máxima eficiência;
3. trabalha a 'parte interna' e a 'parte externa' simultaneamente;
4. é defensivo e não ofensivo (ou seja, não foi feito para atacar simplesmente, mas para defender-se contra-atacando, onde, em muitos casos, a defesa é um ataque);
5. 'o simples que é complexo': não é tão simples como se convencionou dizer, foi 'simplificado' (onde predomina, em muitas escolas e linhagens, a 'parte externa' que enfatiza mais a mecânica e a parte física dos movimentos);
6. os movimentos de aplicação são em 'espiral' e não 'retos' como muito se convencionou praticar por aí, por onde o fluxo de energia se move, o que favorece a dinâmica do movimento, assim como seu redimensionamento;
7. as escolas oriundas do GM Ip Man (mais populares e praticadas no mundo todo) ditas por muitos como 'tradicionais' ou 'o verdadeiro Wing Chun', não é das gerações mais antigas do W.T. na China;
8. o GM Ip Man, como outros mestres também o fizeram ao longo da história, modificou o Wing Chun aprendido com seu mestre e sua linhagem, adotando outros modos e mestres de outras linhagens, adaptando assim sua forma e conceitos, o que gerou grande crítica pelos 'puristas' a sua pessoa e seu modo no seu período - e hoje, em muitos casos, isso se repete;
9. a mecânica, forma 'reta' e 'dura' dos movimentos que se vê muito por aí no Wing Chun (mais popular), faz parte da 'simplificação' ou adequação do sistema para que, em dado período histórico, mestres pudessem ensiná-lo mais rapidamente, onde a 'parte interna' ficou 'um pouco' de lado, tornando-se, para alguns, algo estranho dentro do sistema;
2. busca a máxima eficiência;
3. trabalha a 'parte interna' e a 'parte externa' simultaneamente;
4. é defensivo e não ofensivo (ou seja, não foi feito para atacar simplesmente, mas para defender-se contra-atacando, onde, em muitos casos, a defesa é um ataque);
5. 'o simples que é complexo': não é tão simples como se convencionou dizer, foi 'simplificado' (onde predomina, em muitas escolas e linhagens, a 'parte externa' que enfatiza mais a mecânica e a parte física dos movimentos);
6. os movimentos de aplicação são em 'espiral' e não 'retos' como muito se convencionou praticar por aí, por onde o fluxo de energia se move, o que favorece a dinâmica do movimento, assim como seu redimensionamento;
7. as escolas oriundas do GM Ip Man (mais populares e praticadas no mundo todo) ditas por muitos como 'tradicionais' ou 'o verdadeiro Wing Chun', não é das gerações mais antigas do W.T. na China;
8. o GM Ip Man, como outros mestres também o fizeram ao longo da história, modificou o Wing Chun aprendido com seu mestre e sua linhagem, adotando outros modos e mestres de outras linhagens, adaptando assim sua forma e conceitos, o que gerou grande crítica pelos 'puristas' a sua pessoa e seu modo no seu período - e hoje, em muitos casos, isso se repete;
9. a mecânica, forma 'reta' e 'dura' dos movimentos que se vê muito por aí no Wing Chun (mais popular), faz parte da 'simplificação' ou adequação do sistema para que, em dado período histórico, mestres pudessem ensiná-lo mais rapidamente, onde a 'parte interna' ficou 'um pouco' de lado, tornando-se, para alguns, algo estranho dentro do sistema;
Continua...
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