sábado, 20 de agosto de 2016

Wing Tjun, arte também interna...



O sistema Wing Tjun deriva dos estilos Garça Branca e Serpete (Emei), talvez por isso, é que existe a lenda (popularizada) de que uma monja (Ng Mui) criou o WT depois de presenciar um combate entre uma garça branca e uma cobra. Mas sua origem, a partir de certa coerência histórica, remonta do templo Siu Lam (sul da China), onde teria sido desenvolvido por monges que lá habitavam, depois, repassado e estudado nas sociedades secretas compostas por artistas e estudantes do teatro ópera dos juncos vermelhos.
Originalmente o Wing Tjun, além do fator 'externo', era um 'estilo interno' de 'arte marcial', como o Tai Chi Chuan e o Bagua, por exemplo. Mas durante as várias revoltas e guerras na China, o sistema WT foi simplificado para ensinar jovens chineses se defenderem e/ou combaterem em um tempo relativamente curto.
Durante a rebelião taiping o tempo disponível para preparar os jovens para lutarem era pouco, então o trabalho interno foi reduzido, para priorizar o quesito técnico do WT, devido a sua contundência e sofisticação marcial, fazendo com que fosse um sistema de combate eficaz e que pudesse ser aprendido em um curto espaço de tempo.
A arte tradicional interna é poderosa, baseia-se na concentração e fluxo da energia (Chi) - e sua explosão, o 'Fajing'. Mas não é tão simples de se estudar como às vezes parece. É preciso aprender a estrutura (base), o enraizamento ou aterramento, o derretimento interno, a flexibilidade necessária ou relaxamento, e a respiração correta para que esta energia se concentre e tenha fluxo pelo corpo.
Quem estuda WT por este viés tem a possibilidade de aprender um sistema de Kung Fu muito sofisticado, cujo objetivo não é simplesmente 'lutar', mas sim buscar equilíbrio e fluidez para viver e atuar no mundo - além dos quesitos saúde e técnica marcial.
O Wing Tjun que buscamos, estudamos e propomos, é um sistema que tem sua origem nas 3 principais filosofias chinesas: Taoismo, Budismo e por último no Confucionismo, de onde vem muitos dos seus conceitos fundamentais, além do 'resgate' dessa sua história e modo de se conceber e estudar/praticar.
O trabalho interno é mais lento e em alguns aspectos até mais 'difícil' do que o externo, e os resultados não aparecem imediatamente, porém, quando bem praticado, o WT interno, ao se exteriorizar, atinge níveis mais profundos, contundentes e dinâmicos. A partir do estudo do seu fator 'interno', com a prática do Chi Kung e elementos de artes relacionadas, é que o currículo da AFWK foi organizado.
Mente, corpo e energia - para equilibrar e fluir...


* fontes: Wing Chun enciclopédia, IWKA e pesquisas pessoais.

Herman G. Silvani (professor AFWK)