Além do conservadorismo
neofascista motivado por alguns ‘líderes políticos’ e/ou religiosos, de estilos
musicais midiáticos como o sertanejo sofrência e universitário e funk
ostentação (estilos massivamente vinculados nas emissoras de TV e rádio), tá na
moda a arte marcial fitness, o consumo de orgânicos e artesanais, o yoga, o uso
banal de ayahasca e do rapé (muitas vezes usados como drogas e não como
espiritualidade pelos modistas), ambos conhecimentos que foram ocidentalizados, entre
outros produtos da indústria do espírito, da mentalidade e do corpo
padrão-idealizado. Mas, parte disso tudo, do que vivemos na sociedade ocidental
(platônica judaico-cristã), é discurso e modismo, e não necessariamente
realidade com toda profundidade que ela pode ter. Fruto da busca enlouquecida
de muitas pessoas por algum sentido de vida além do materialismo e tudo o que
as engole e as torna parte de um mecanismo de controle e mecanização dos dias,
horários, da mente, corpo e alma. E que bom que muitos estão buscando caminhos
‘alternativos’ para ser estar no mundo. Porém, muitos destes caminhos não são
os autênticos, sinceros, ampliadores de mentalidade, espiritualidade e
percepção de mundo, não são nem caminhos, são desvios, atalhos, distorções,
alimento de vaidades e egos, dentro de uma lógica da ‘sociedade do espetáculo’
(sociedade das aparências e de consumo), onde muitos, buscando preencherem seus
‘buracos’, furos ou faltas, se atiram de cabeça em práticas que muitas vezes
não são bem estruturadas nos seus sentidos internos.
Estas práticas, sem suas
‘filosofias’, sem seus estudos conceituais, que levam realmente à uma mudança
de comportamento e prática sociocultural, são meras distrações, alegorias e/ou
artefatos que servem de alimento do teor egóico, assim como das aparências, que
banalmente enchem a sociedade de imagens, discursos, mas não necessariamente de
vidas plenas e integradas ao espírito do todo natural e sociocultural. É muito
comum hoje em dia, por exemplo, vermos pessoas que se dizem consumidoras de
orgânicos, mas que se manifestam contra seus produtores, no caso, a agricultura
familiar e movimentos sociais como o MST e a Liga Campesina (maiores produtores
de orgânicos do mundo). Pessoas que praticam yoga ou alguma arte marcial
oriental, artes filosoficamente pacifistas e espirituosas, assim como muitos
que se dizem cristãos ou budistas, mas reproduzem discursos de ódio e praticam
violências.
Nisso, às vezes penso que
parte significativa do brasileiro tem o ‘dedo podre’, ou seja, opta quase
sempre por aquilo que é aparente, geralmente anunciado como bom e saudável, a
partir de certo discurso e propaganda publicitários, pura produção e retórica, caindo
nos artifícios do mercado e sua publicidade, passando a consumir e praticar a
superficialidade das coisas, nunca chegando assim até a essência. Esta é a
diferença de uma coisa e de outra. Para além das palavras e da aparência, está
a essência, e é disso que estou falando. Além de parecer e falar, é preciso
viver, praticar, estar integrado ao conteúdo que se diz praticar ou fazer
parte, e além da parte externa, também interna. No taoismo chamamos isso de
‘estar no Caminho’.
Nenhum comentário:
Postar um comentário