domingo, 7 de outubro de 2018

Wing/Weng Chun, uma arte de resistência

Os sistemas Wing e Weng Chun (Kuen) de Kung Fu, nasceram num contexto de opressão e domínio militar da dinastia Qing, dos manchus, por volta de 1700 do calendário cristão, como forma de resistir a este domínio. Mestres e/ou estudiosos de outros estilos de Kung Fu (como a Garça Branca e a Serpente), através de certo tempo, foram desenvolvendo esta(s) nova(s) arte(s) (na época), a modo de uma maior efetividade defensiva contra as investidas dos soldados do exército manchu no sul da China. Este é o contexto do surgimento do Wing/Weng Chun. No caso, esta(s) arte(s) não nasceram no exército (portanto não são artes de caráter militar, e isso é bom que se diga, pois muitos praticantes as tratam como tal), são sistemas defensivos (nos seus sentidos técnicos) e anti-opressores, no sentido histórico.

Dito isso, é fundamental que os mestres e professores, suas associações ou escolas, enfatizem este aspecto sociohistórico no que diz respeito ao surgimento destes sofisticados sistemas de Kung Fu. Nisso, o WT (sigla para Wing e Weng Chun), é um sistema de características, além de defensivas, libertárias, no sentido de resistência contra a opressão de um Estado ditatorial, como fora a dinastia Qing.

Nisso, a AFWK respeita e busca fazer jus a esta história, concebendo, estudando e/ou praticando WT como uma arte defensiva e libertária, e não militarizada, nem opressora ou totalitária, como, muitas vezes, a partir de certos discursos e atitudes de professores e praticantes, se vê por aí.

Uma das grandes características do sistema WT, no seu sentido contextual histórico, é a resistência ao domínio e opressão, e sendo ele também uma cultura (um modo de ver a vida e nela se posicionar, a partir de seus Wu De – códigos de ética), a coerência pede que assim ele seja tratado. Ou seja, um sistema que, além do quesito técnico, possui certos princípios sociohistóricos que devem ser considerados e respeitados. Não feito isso, julgamos o sistema ‘incompleto’.

Em suma, o WT, fundamentalmente, é um sistema que presa pela ‘liberdade’ e pelo aspecto defensivo (busca pela ‘paz’ ou contra a guerra e domínio opressor, seja ele qual for), pois isso faz parte de sua composição, o que também o faz ser uma arte de resistência. 




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